Fuga à francesa

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O amor não é cego, pelo contrário o AMOR VER.

  Como começar? Pelo começo, e qual é o começo? Um sim! Sim, voltamos a usar essa plataforma para nos comunicarmos com vocês, sim, é mais uma tentativa, e sim ainda não conseguimos permanecer com essas postagens, mas é um novo (re)começo. Pelo menos uma tentativa. Começar pelo “SIM” não foi uma mera coincidência, é um inicio de um livro da Clarice Lispector, bastante conhecido até “A hora da Estrela”, e hoje faremos uma leitura dele em comparação a música de Crombie – “Fuga”, passeando pela Bíblia. Vamos a nossa dor no estômago?

  A História de Clarice trabalha com o narrador Rodrigo S.M, ele seria um clássico escritor enclausurado em seu escritório, fissurado em seu mundo – a partir de um imaginário o mundo dele é burguês, tendo tudo, e perdido em suas preocupações, muitas vezes supérfluas. Até que um dia, Rodrigo S.M, ver uma nordestina e é automaticamente transpassado por aquela mulher sem vida, sem cor, sem consciência sobre sua existência, está é Macabeia a protagonista da “A Hora da Estrela” e por mais que ele não queira escrever, há um grito a ser dado, a nordestina é uma dor de dente – desconcertante, que desconcentra e não tem como ignorar. Aquela história não podia ser mais ignorada, aquele mundo de Macabeia – miserável, marginal, e sem concepção sobre futuro – tinha atravessado o mundo do escritor – que permanecia naquela posição de artista que só contempla, e nada faz  fazendo dele não mais o mesmo. Isso me faz retornar a Crombie.

  Na música – maravilhosa! – de Crombie fala de alguém que se perde no trabalho e vai perdendo a sensibilidade pelo outro, tem um ponto de vista distante sob a dor do próximo, mas sempre diz qualquer coisa como consolo – para também não sair da história como sem coração – nunca deixa a história do outro o atravessar. seja de alegria ou de tristeza, pois sabe que não vai dormir direito depois disso, ficará igual ao Rodrigo S.M, obcecado e necessitado de falar a história, apaixonado por Macabeia, e é válido lembrar que isso é tão natural que não há sequer dor na consciência. A história, também, não o atravessa devido à automatização do sujeito, que tem a visão tão fechada que só ver o seu mundo, e claro, pela Fuga ocasionada por si mesmo. É vaidade, é luxuoso, é tapar os ouvidos para os discursos contemporâneos: “Não me interesso por quem me diz que nessa vida nem tudo é flor, desde o começo como eu sempre quis”, discursos esses que não são novos – pois nada é novo abaixo do céu – é bem velho, é o amar ao próximo como se fosse o outro. É fechar os olhos, há uma fuga  quando ignoramos os nossos olhares para todos que passam por nós 24 horas, dizem que o amor é cego, mas é exatamente o contrário: o amor ver.


  Queria muito discursar e falar sobre o meu nó, o meu grito, no entanto repetirei as palavras de Rodrigo S.M, esse texto é uma pergunta, uma interrogação, um silêncio. O nosso silêncio. E ouso repeti-lo mais uma vez, eu sei que é assustador sair de si mesmo, mas tudo que é novo assusta. Contudo o amor lança fora todo medo. Há Macabeias por aí, estrangeiras em nosso mundo, prontas para te atravessar, te olhar nos olhos e te matar. Eu quero ser morta ao sair de casa, eu quero ser morta e permanecer logo após viva: porque a vida é uma dor no estômago. Não são tempos de morangos, não são tempos bons, são os últimos tempos e tudo que eu quero é morrer por Macabeia e viver com a dor no estômago. Eu quero gritar de dor, a minha dor e a dor que se fez minha, assim como a minha dor se fez nEle naquela Cruz.

 “Depois disse a todos: – Se alguém quer ser meu seguidor, que esqueça os seus próprios interesses, esteja pronto cada dia para morrer como eu vou morrer e me acompanhe. Pois quem põe os seus próprios interesses em primeiro lugar nunca terá a vida verdadeira; mas quem esquece a si mesmo por minha causa terá a vida verdadeira. O que adianta alguém ganhar o mundo inteiro, mas perder a vida verdadeira e ser destruído? ” LUCAS 9:23 versão NTLH.
 - Obrigada Espírito Santo - 

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nicole

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